Por que estourou uma nova guerra de facções em Florianópolis - créditos NSC
Por que estourou uma nova guerra de facções em Florianópolis
Ordem cronológica mostra como os fatos se desdobraram
Créditos Ânderson Silva/NSC
As últimas horas 48 horas tiveram o retorno de uma guerra entre facções na Grande Florianópolis. Desde a madrugada de sexta-feira, 18 de outubro, tentativas de invasão a uma comunidade no Norte da Ilha, na Capital, reacenderam o clima entre dois grupos criminosos que comandam o tráfico de drogas na região. Depois de seis anos, as facções voltam a se enfrentar nas ruas de Santa Catarina, assim como ocorreu, principalmente, em 2016, 2017 e começo de 2018. O estopim do retorno da guerra, entretanto, se deu antes da última sexta-feira, e num episódio registrado fora do Estado. A coluna apurou os detalhes com exclusividade, a partir de relatos de fontes ouvidas nos últimos dois dias, e traz abaixo a ordem cronológica que gerou os ataques deste final de semana (veja também abaixo fotos dos ataques).
O início desta nova fase de conflitos foi há três semanas, conforme as informações levantadas pelas forças de segurança até o momento. No dia 2 de outubro, David Beckhauser Herold, 34 anos, conhecido como Americano, foi morto a tiros na Vila Nova Cachoeirinha, Zona Norte de São Paulo. Atualmente, ele era produtor musical, mas tinha passagens policiais e condenações por crimes que o ligavam a uma facção criminosa de SC. Americano, que ganhou este apelido por ter servido no Exército dos EUA, cumpria pena em regime aberto por um homicídio, ocorrido em 2014, na Capital catarinense. A vítima foi um homem apontado, naquela época, como chefe do tráfico em uma comunidade de Florianópolis.
Nas investigações da morte de Americano, suspeita-se que a ação tenha ligação com uma facção criminosa de São Paulo, que disputa territórios em SC com a facção catarinense da qual a vítima fazia parte. Diante disso, nas últimas semanas, o clima voltou a ficar tenso dentro do bando catarinense, que teria decidido invadir a comunidade do Papaquara, no Norte da Ilha, comandada pelos criminosos paulistas. O reduto fica perto da UPA Norte e do Terminal de Integração de Canasvieiras (Tican), com acesso pela SC-403.
A primeira tentativa de invasão ocorreu na madrugada de sexta-feira, 18 de outubro. No conflito, um dos envolvidos ficou ferido e foi levado para a UPA Norte. Outros três foram detidos pela Polícia Militar (PM-SC), sendo um adolescente. Na ocorrência, criminosos incendiaram dois veículos dentro da comunidade. Ao final, a PM apreendeu drogas, rádios comunicadores e outros materiais.
Já no sábado, 19 de outubro, bandidos ligados à facção catarinense fizeram uma segunda tentativa de invasão ao Papaquara. Foi quando houve uma nova intervenção da PM-SC. No confronto com os policiais, sete suspeitos foram presos e um morto.
Diante da atuação dos policiais militares para reprimir a ação dos bandidos no Norte da Ilha, a facção teria reagido com ataques em diversos pontos da Grande Florianópolis como forma de dispersar a atuação das forças de segurança. Desta forma, segundo fontes ouvidas pela coluna, a ideia era a de que a polícia diminuísse as buscas por criminosos do grupo na região do Papaquara.
Governador faz mediação entre as polícias
Depois que os ataques ganharam proporção, todo o sistema de segurança pública entrou em alerta. As polícias montaram grupos de crise e o governador Jorginho Mello (PL) voltou da região de Itajaí, onde cumpria agenda, para participar de uma entrevista coletiva sobre as ocorrências. Neste meio tempo, Jorginho teria sido acionado para ajudar na mediação das decisões envolvendo as polícias. Segundo apurado pela coluna, o governador esteve em contato com os chefes das polícias e participou das decisões.
Até o momento, 12 suspeitos de participar da invasão e dos ataques deste sábado foram presos, além da morte ocorrida na troca de tiros no Papaquara. As investigações da Polícia Civil (PC-SC) seguem em andamento para a identificação dos demais envolvidos. A corporação montou um equipe especial, ainda no sábado, para começar os trabalhos.
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